domingo, 28 de dezembro de 2014

ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL II

Segundo alguns estudos, o número adequado de consultas no pré-natal seria igual ou superior a seis. A gestação costuma ser dividida em semanas, portanto até a 34a semana as consultas deverão ser mensais; depois, até a 36a semana, deverão ser quinzenais e, então, semanais até o momento do parto.
A primeira consulta deve ser o mais precoce possível, durante a gestação – de preferência, logo à suspeita de gravidez
O exame físico da gestante deve incluir aferição de peso, medida de pressão arterial, exame físico geral, exame de mamas, exame obstétrico e exame genital.
Algumas gestantes podem se sentir constrangidas e preocupadas com o exame vaginal, por isso, essa etapa pode ser postergada para outras consultas. É nessa abordagem inicial que são solicitados os exames complementares.
Os exames complementares, podem ser divididos em quatro grupos:

• Grupo 1: exames de cunho específico para o pré-natal, com interesse materno-fetal (hemograma, tipagem sanguínea, fator Rh, urina I, urocultura, sorologias para sífilis, hepatite B e C, rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, herpes, HIV, glicemia, avaliação da tireoide, e ultrassonografias obstétricas).

• Grupo 2: exames determinados por intercorrências ou doenças associadas que justifiquem seguimento durante a gestação (função renal, função cardíaca, fundo de olho, investigação de anemias).

• Grupo 3: exames para rastreamento de doenças potenciais na gestação, sempre ligados às características dos serviços e do cliente, bem como as doenças prevalentes em cada região (rastreamento de diabetes, rastreamento de pré-eclampsia).

• Grupo 4: exames para rastreamento de doenças indiretamente ligadas à gestação; têm sua realização justificada pela oportunidade de estar diante da mulher que nunca teve a oportunidade de buscar serviço médico (rastreamento de verminoses, rastreamento de câncer cervical).

Através da investigação na consulta, do exame físico e dos exames complementares, o médico deverá criar um perfil preciso da gestante, além de dar a ela orientações sobre sua condição e de criar um ambiente favorável de confiança e credibilidade para que se solidifique a relação médico-paciente e haja uma boa adesão às instruções e tratamentos.
Nas consultas de seguimento, devem-se avaliar as intercorrências e as queixas da gestante; recalcular a idade gestacional; identificar fatores de risco; reclassificar a gravidez como de baixo ou alto risco; indicar planejamento familiar durante a gravidez, quando pertinente; atualizar o calendário vacinal; informar sobre o parto; solucionar as dúvidas; detectar problemas emocionais/sociais e fazer o devido encaminhamento, quando necessário; avaliar o estado nutricional e o ganho de peso; avaliar o estado bucal e as condições de higiene da paciente; e considerar a licença-maternidade.
Ao exame físico, deve-se medir a pressão arterial, a frequência cardíaca, o peso materno, a altura uterina, o batimento cardíaco fetal, além de avaliar a presença de contrações, movimentação fetal ou edema (principalmente nos membros inferiores), fazer o exame de toque vaginal ou o exame especular, quando pertinente.
Todas as informações devem ser anotadas no cartão de pré-natal, que a gestante deverá sempre carregar consigo.



quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

AVALIAÇÃO PRÉ-NATAL DE ANOMALIAS CONGÊNITAS

Anomalia congênita é qualquer anomalia anatômica, seja na estrutura ou na função de um orgão ou membro presente ao nascimento, embora possa não ser aparente neste momento, sendo o seu diagnóstico realizado somente mais tarde, algumas vezes já na vida adulta. . Cerca de 2% a 4%
dos recém-nascidos vivos apresentam alguma anomalia congênita identificável ao nascimento. Ao fim do primeiro ano de vida, esse número dobra. Entre as perdas perinatais, essa proporção é ainda maior. Estima-se que 20% das mortes perinatais se devem a anomalias congênitas.
As anomalias congênitas podem ser divididas em dois grandes grupos: induzidas por teratógenos (*substâncias que podem atravessar a barreira placentária e afetar o feto de maneira permanente) ou de etiologia genética.

  • Os teratógenos englobam, então, fatores ambientais, medicamentos, drogas de abuso e químicos ocupacionais, doenças maternas, doenças infecciosas, e agentes ionizantes.
  • Embora existam outros padrões de herança, as doenças genéticas são classicamente divididas emtrês grupos: doenças cromossômicas, doenças monogênicas (ou mendelianas) e doenças de herança complexa (ou multifatoriais). 


O tipo mais comum da anomalia cromossômica com repercussão clínica é a aneuploidia, termo que
representa um número anormal de cromossomos.
Os critérios para investigação de casais com risco aumentado para doenças cromossômicas e gênicas, seguem abaixo:
  • Idade reprodutiva elevada (mulheres com 35 anos ou mais apresentam risco aumentado de vir a ter filhos especialmente, com síndrome de Down).
  • Casais com perdas gestacionais de repetição.
  • Filho anterior com anomalias congênitas.
  • Diagnóstico de anomalia cromossômica estrutural balanceada em um dos parceiros.
  • Anomalias congênitas em parentes próximos.
  • Retardo mental em parente próximo.
  • História familiar de doença autossômica dominante(Sind. Marfam, etc).
  • Consanguinidade.
  • História de doença recessiva ligada ao cromossomo X na família da mulher (hemofilia, distrofia muscular de Duchene).
  • Portadores de genes mutantes para doenças autossômicas recessivas (fenilcetonúria, etc.).
  • Idade paterna elevada
  • Filho anterior com defeito de fechamento do tubo neural (anencefalia, mielomeningocele,etc).
  • Filho anterior com cardiopatia congênita.
  • Filho anterior com outras malformações isoladas (polidactilia, fenda palatina,etc.)

O rastreamento pré-natal, trata-se  de procedimentos não invasivos, com o objetivo de identificar, entre as gravidezes, um grupo no qual o risco de anomalias fetais é maior do que o esperado na população.  
Os métodos de rastreamento para anomalias congênitas mais comuns são:
  •  Translucência nucal ( usg realizada entre 11 e 14 semanas)
  •  Osso nasal (usg 1º trimestre)
  •  Teste Tríplice, com a dosagem simultânea da alfa-fetoproteína, gonadotrofina coriônica e estriol conjugado (quando se opta por rastreamento bioquímico no primeiro trimestre, a dosagem da alfa-fetoproteína é substituída pela dosagem da proteína plasmática associada à gravidez  - PAPP-A) ideal entre 16 e 18 semanas de gestação.

Atualmente, um grande número de doenças é passível de diagnóstico pré-natal e este número não
para de crescer. Seguem-se basicamente quatro abordagens para o diagnóstico pré-natal de anomalias
fetais: estudos ultrassonográficos, estudos cromossômicos ( cariótipo fetal), testes bioquímicos e análise do DNA (Southern Blot, PCR, amniocentese e cordocentese).
Das centenas de tratamentos para malformações fetais descritas, a maioria é realizada após o
nascimento, com prognóstico melhor ou pior, a depender da malformação. A primeira medida a ser
preconizada diante de uma malformação fetal é pesquisar a existência de outras, devido à alta frequência de malformações associadas.
Determinadas questões fundamentais merecem atenção no parto de fetos malformados. O primeiro aspecto envolve a necessidade de condições de suporte intraparto, e análise da via de parto (vaginal ou abdominal), bem como a disponibilidade de cirurgia pediátrica para eventual encaminhamento e  centros terciários com UTI neonatal de alta complexidade .
As cirurgias fetais para a terapêutica de malformações congênitas –  se encontram, em estado experimental. As gestantes devem ser informadas sobre a existência da opção, mas, ao mesmo tempo, sobre a real evidência sobre sua utilização.
À medida que a cirurgia fetal passa a ser considerada para condições não letais, os problemas éticos
se ampliam. Os benefícios ao feto são sempre avaliados em relação aos riscos da técnica para ele
próprio, à prematuridade e à própria gestante.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

MENOPAUSA

Menopausa significa "pausa das menstruações";  seu inicio se dá após um ano da última menstruação.
Ao período de transição até a menopausa, damos o nome de climatério.
Não existe uma idade certa para a ocorrência da menopausa, mas no Brasil, a faixa etária média varia de 45 a 55 anos.
Nessa nova fase da vida da mulher, os ovários perdem a sua capacidade de produzir óvulos e portanto a encerra-se a função reprodutiva. Além disso os hormônios estrogênio e progesterona vão diminuindo gradativamente, e aumentam as possibilidades de aparecimento ou agravamento de alguns problemas de saúde.
No climatério (período que antecede a menopausa) começam a surgir as irregularidades menstruais, com alterações tanto na duração, quanto nos intervalos entre os ciclos e também no padrão menstrual, são comuns ciclos mais espaçados e com padrão menstrual cada vez mais discreto. Outros sintomas também estão envolvidos, como:
  • Ressecamento vaginal (secura);
  • Ondas de calor;
  • Suores noturnos;
  • Insônia;
  • Diminuição no desejo sexual;
  • Diminuição da atenção e memória;
  • Perda de massa óssea (osteoporose);
  • Aumento do risco cardiovascular;
  • Alterações na distribuição da gordura corporal;
  • Depressão.
  • Ausência da menstruação
Nessa fase é importante que a mulher procure não só pelo seu ginecologista, mas também por um cardiologista e se necessitar um psicólogo pode ajudar bastante.
Alguns exames são fundamentais para a investigação e para a terapia de reposição hormonal. Podemos citá-los:
  • Papanicolau
  • Ultra-sonografia transvaginal
  • Mamografia 
  • Exames laboratoriais ( hemograma, glicemia, lipidograma, e dosagens hormonais)
  • Densitometria óssea

A TRH (Terapia de Reposição Hormonal), pode ser realizada por meio de adesivos, gel ou comprimidos. Algumas mulheres podem apresentar algum tipo de sangramento vaginal durante o tratamento, sem configurar um problema.
Nem toda mulher irá precisar da TRH, muitas mulheres não sentem nenhuma perda no seu bem-estar, ou apresentam poucos sintomas, sem prejuízo ao seu cotidiano.
É verdade que a TRH, melhora o aspecto da pele e dos cabelos, melhorando o colágeno e o trofismo das mucosas, melhora a massa óssea e a vida sexual da mulher
A TRH não promove aumento do peso por ganho calórico, nesta fase o metabolismo reduz, e a queda do estrogênio favorece o acúmulo de gordura na região abdominal.
O risco de doenças cardiovasculares parece diminuir se a TRH se inicia precocemente, porém se já instalada a menopausa por mais de 5-7 anos, não é visto benefício e há aumento do risco.
O uso do anticoncepcional não influencia a época da menopausa, o único fator de determinação da menopausa é a carga genética. Normalmente a mulher tem o mesmo padrão que a o apresentado pela mãe.

São contra-indicações a TRH:
  • Doença hepática descompensada
  • Câncer de mama
  • Câncer de endométrio
  • Lesão precursora para câncer de mama
  • Porfiria
  • Sangramento vaginal de causa desconhecida
  • Doença coronariana e cerebrovascular
  • doença tromboembólica ou trombose
  • Lúpus eritematoso sistêmico
  • Meningeoma
Existem ainda outras contra-indicações relativas, que devem ser avaliadas caso a caso pelo médico assistente.

domingo, 14 de dezembro de 2014

HPV - O QUE VOCÊ PRECISA SABER

A infecção pelo HPV ( Papiloma Vírus Humano), acontece na maioria das vezes por contato sexual (90% dos casos), dando uma expressão de DST  à doença. Além da via sexual, a transmissão materno-fetal também é possível durante o parto, além disso, o uso de roupas íntimas e de objetos contaminados tem sido implicados na infecção pelo HPV. Atualmente são conhecidos mais de 120 tipos diferentes de HPV, sendo que 36 deles podem infectar o trato genital.Seu período de incubação (do contágio a manifestação dos sinais) é indeterminado, podendo variar entre semanas até anos; muitas vezes tornando quase impossível determinar em que época a infecção ocorreu. São classificados de acordo com o potencial oncogênico ( propensão de causar câncer):

  • Baixo risco - tipos 6, 11, 42,43,44
  • Intermediário - 31,33,35, 51,52,58
  • Alto risco - 16,18,45,56

O HPV pode ser controlado, mais ainda não há cura contra o vírus. Quando não tratado torna-se o principal agente do câncer de colo do útero e garganta.
A infecção acomete principalmente o trato genital inferior e períneo, e pode se apresentar em três formas:

  • clínica - apresenta-se normalmente sob a forma de verrugas genitais e cristas, vivíveis ao olho nú
  • subclínica - não visíveis ao olho nú, diagnosticadas através do exame preventivo do colo uterino, colposcopia, peniscopia e biópsia.
  • latente - diagnosticada somente através de testes para detecção do DNA-HPV, como a captura híbrida e o PCR.
Nenhuma forma de tratamento assegura a cura da infecção pelo HPV. Somente o sistema imunológico de cada individuo, é capaz de 
A remoção das lesões diminui a transmissão e o risco de evolução para  neoplasias malignas. Cada caso deve ser avaliado de forma individual para a escolha da conduta mais adequada.

O tratamento das lesões podem variar de uma simples retirada de verruga até cirurgias avançadas, dependendo da gravidade destas lesões. Podem ser usadas também substâncias cáusticas (ácidos) e imunomoduladoras locais (imiquimode) para um tratamento mais conservador.

Alguns fatores influenciam na conduta terapêutica, como: o tamanho, o número e o local das lesões, risco para transformação maligna, tabagismo, imunodepressão (diabetes/ HIV/ uso de corticosteróides/ transplantados), gestantes, idade da paciente, e paridade( num de gestações a termo) e o desejo da paciente.

A prevenção se dá seguindo alguns cuidados:

  • uso do preservativo masculino ou feminino (camisinha) para todo o tipo de relação sexual (oral/ vaginal/ anal)
  • vacina contra o HPV
  • rotina de exame preventivo
  • evitar o fumo, bebidas alcoólicas em excesso, e o uso de drogas
  • restringir o numero de parceiros sexuais
  • tratar coinfecções que porventura possam existir ( sífilis/ clamídia/gonorréia)
  • controle de doenças metabólicas e imunossupressoras (diabetes/lúpus/transplantes)
A paciente deve ser informada quanto o risco de recidiva, e da necessidade do acompanhamento.
Este seguimento deve ser feito trimestralmente por um ano, com a associação dos exames de citologia e colposcopia.
As pacientes e seus parceiros devem ser informados de que podem ser infectantes, ou seja, podem transmitir a doença mesmo na ausência da lesão, que o uso do preservativo não elimina totalmente o risco de transmissão do HPV, e que o papel dos parceiros sexuais na recidiva ou na persistência das lesões é minimo, e que a infecção pelo HPV não contra-indica a gestação, mas talvez determine o tipo de via de parto, dependendo da presença e localização das lesões próxima ao fim da gestação.




domingo, 7 de dezembro de 2014

INFERTILIDADE

A infertilidade conjugal acomete 10% dos casais. desses 55% são de origem feminina e 35% origem masculina.
Na infertilidade primária a mulher nunca concebeu apesar de coitos frequentes sem métodos contraceptivos por um período de 2 anos consecutivos. E a secundária, a mulher já concebeu anteriormente, mas  na atualidade não consegue fazê-lo apesar de não estar usando nenhum contraceptivo no prazo também de 2 anos ininterruptos.
A idade dos pares, principalmente a mulher após os 34 anos tem uma queda na capacidade ovulatória, a baixa frequência do coito, uso de duchas e lubrificantes, infecções pélvicas prévias e multiplicidade de parceiros, práticas esportivas extenuantes com baixo teor de gordura corporal, uso de fumo, alcoól, maconha e outros tóxicos, e fatores ambientais ( mercúrio, cadmio, altas temperaturas, radiações ionizantes); parecem interferir negativamente na fertilidade.
É  indicação de iniciar a investigação nas situações abaixo descrita;
  • conjugue com menos de 30 anos e vida sexual ativa sem contracepção ha mais de 2 anos
  • conjugue com mais de 30 anos e menos de quarenta anos com vida sexual ativa sem contracepção ha mais de 1 ano
  • conjugue com mais de 40 anos  com vida sexual ativa sem contracepção ha mais de 6 meses
  • conjugue que apresentam vida sexual ativa sem contracepção, e possuem fator impeditivo de concepção, independente do tempo de união.
É aconselhável orientar o casal a manter pelo menos duas relações sexuais por semana.
Na investigação feminina, além do exame médico e ginecológico, fazem parte da investigação inicial, os exames:

  • registro da temperatura corpórea basal
  • teste pós coito
  • histerossalpingografia
  • biópsia endometrial
  • ultra-sonografia
  • histeroscopia
  • laparoscopia e dosagem hormonal.

ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Toda gravidez é um momento novo na vida da mulher, mesmo que não seja a primeira.
O tempo de duração de uma gestação é de 40 semanas ou nove meses, podendo chegar no máximo até 42 semanas. Quando a mulher percebe o atraso da menstruação, geralmente está na sexta semana de gestação
O pré-natal deve ser iniciado assim que descoberta a gravidez, independentemente de ser o 1º ou o 9º mês. Uma simples consulta pode ajudar a salvar a vida da mãe e da criança.
É muito importante a mulher entender que gravidez não é uma doença, mas que até hoje, muitas grávidas morrem em decorrência do aborto e do parto, ou de intercorrências clínicas que podem surgir no período da gestação.
A assistência pré-natal significa um acompanhamento ambulatorial, médico e de enfermagem, com a finalidade de observar a evolução da gravidez,
diagnosticar e tratar doenças pré-existentes ou que surjam durante a gestação, comprometendo a saúde e a vida da mãe e da criança, e só termina na consulta de revisão pós-parto.
É essencial que a gestante seja atendida por um profissional médico que lhe examine, solicite e avalie os resultados dos exames.
Objetivos do pré-natal junto a mãe:

  •  Identificar doenças e tratá-las (sífilis, anemias, doenças do coração, dos rins, do fígado, da pressão arterial, das glândulas, dos dentes, câncer e outras);
  •  Garantir o bem estar da gestante;
  •  Prevenir a ocorrência e/ou agravamento de doenças específicas da gestação (pressão alta com perda de albumina e inchaço, diabetes da gravidez);
  • Proporcionar uma boa adaptação do organismo da mãe às modificações da gestação;
  • Orientar hábitos de vida adequados à gestação, em relação à alimentação, fumo, álcool e drogas, etc;
  •  Prover assistência psicológica, contribuindo para a solução de problemas e conflitos;
  •  Instruir a gestante nos primeiros cuidados com o bebê, orientando-a quanto à importância da amamentação
Objetivos do pré-natal junto ao bebê:

  •  Prevenir e detectar malformações fetais
  •  Identificar o crescimento restringido do feto, para poder garantir a perfeita estruturação do organismo fetal
  •  Evitar abortos, parto prematuro e a morte durante a gravidez e o parto
  •  Prevenir a sífilis e outras manifestações infecciosas (urinária, respiratória, etc)
  •  Diagnosticar e assistir os casos de incompatibilidade sanguínea
  • Tratar doenças do bebê quando ainda está dentro do útero
  • Avaliar as condições de saúde do feto dentro do útero e decidir o melhor momento de interromper a gravidez quando necessário

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SINTOMAS COMUNS DURANTE A GESTAÇÃO

NÁUSEAS E VÔMITOS
São o principal sintoma que acometem as gestantes no início da gravidez. Cerca de 1 a 3% desses sintomas podem evoluir para o quadro mais grave, que é
a hiperemese gravídica.
De origem desconhecida, parece ter relação com a elevação do B_HCG (hormônio da gravidez)
que tem seu ápice por volta de 12 semanas e que vai diminuindo após esse período. Esses
sintomas tendem a melhorar após o terceiro mes, mas em 20% das mulheres podem
persistir até o final da gestação.
A orientação de evitar o jejum prolongado com dieta fracionada (de cinco a seis refeições por
dia) é uma prática válida e que, em alguns casos, dá resultados positivos.

SIALORREIA OU PTIALISMO(salivação excessiva)
Algumas gestantes referem aumento da salivação no decorrer do pré-natal. Isso pode
estar associado à ingesta de amido, ao estímulo do ramo trigêmeo e à hipertonia vagal.
Geralmente, existe um fundo psicológico associado a esse sintoma, por isso, nesses casos, o
tratamento psicológico deve ser instituído.


PIROSE (azia)
Sintoma causado pelo refluxo gastroesofágico, comum principalmente no final da gravidez,
devido à compressão do estômago pelo útero gravídico.
Orientações sobre evitar o repouso deitada logo após as refeições, assim como dividir em pequenas porções a dieta, evitando a ingestão de alimentos como café, chá, chocolate e frituras, normalmente
são suficientes.
Nos casos mais graves, a utilização de medicação  faz-se necessária.

SENSAÇÃO DE PLENITUDE
Também é frequente no final da gestação pela compressão do estômago pelo útero gravídico.
Orienta-se dieta fracionada com menor volume de alimento em alguns casos, sugerindo a
ingestão de substâncias pastosas.

CONSTIPAÇÃO( intestino preso)
Apresenta-se como queixa comum da gestante durante o pré-natal e deve-se à lentificação
da trânsito intestinal, própria desse período.
O tratamento consiste desde o aumento da ingestão de líquidos até o uso de laxativos, nos
casos mais graves.
A suplementação dietética com fibras vegetais ajuda a reduzir a constipação durante a
gravidez.

HEMORROIDAS
O aumento do volume uterino, associado à constipação, favorece a dilatação das veias retais, levando ao aparecimento de hemorroidas.
O tratamento consiste na prevenção da constipação, uso de anestésicos locais e, nos casos de
trombose da veia retal, retirada desta com anestesia local. O tratamento cirúrgico para correção
da hemorroida não é indicado durante a gravidez. Deve-se evitar esforço às evacuações.


PICAMALÁCIA ( desejos incomuns)
A picamalácia é a perversão alimentar que ocorre em algumas gestantes, caracterizada pelo
desejo de ingerir substâncias atípicas.(ex: terra/ ferrugem/ tijolo,etc...)
O tratamento consiste em persuadir a gestante dessa prática, mostrando o risco de tal atitude
no evoluir normal da gravidez, colocando em risco a saúde materno-fetal.

FRAQUEZAS, DESMAIOS, TONTURAS E VERTIGENS
Esses sintomas aparecem devido ao relaxamento dos vasos sanguíneos, comuns na gestação,
principalmente no segundo trimestre, pelo acúmulo do sangue nos membros inferiores e pelve
e, em algumas situações, pela diminuíção da glicose em períodos de jejum prolongado.
A queda da pressão que ocorre no decúbito dorsal ( de barriga para cima)  que ocorre no terceiro trimestre deve-se à compressão da veia cava inferior pelo útero gravídico.
A simples orientação de, nessas ocasiões, manter-se deitada do lado esquerdo até o cessar
dos sintomas, além de adotar uma dieta fracionada e manter-se em ambientes arejados
costumam ser tratamentos efetivos.

VARICOSIDADES
Assim como as hemorroidas, as varizes podem aparecer principalmente no final da gravidez e
devem-se à dificuldade do retorno do sangue das veias, imposto pela compressão do útero gravídico à veia cava inferior. Variam desde a sensação de desconforto ao final do dia até casos mais graves,
como trombose e tromboflebite.
Seu tratamento consiste na orientação de repouso, com os membros superiores elevados e
utilização de meias elásticas.
O tratamento cirúrgico não é indicado durante a gravidez.

EDEMA(inchaço)
Uma das queixas mais comuns das gestantes na segunda metade da gravidez.
Ocorre devido ao aumento do volume de sangue e do represamento do sangue nos membros inferiores.
A conduta baseia-se em medidas paliativas, como evitar tempos prolongados na posição
de pé, repouso periódico em decúbito lateral esquerdo e, novamente, uso de meias elásticas.


CÂIMBRAS
Sintoma de origem incerta, ocorre provavelmente devido ao desequilíbrio iônico de cálcio
e fósforo. É mais frequente à noite ou pela manhã, despertando a grávida, ou após o ato de
se espreguiçar.
A suplementação com cloreto de sódio ou cálcio, ou vitaminas e sais minerais não é efetiva para
reduzir as câimbras na gravidez.

SÍNDROMES DOLOROSAS (SÍNDROME DE LACOMME)
Quadro de dor abdominal baixa e lombossacra( cadeiras) que resulta da distensão das articulações da bacia.
Seu manejo consiste em corrigir a postura, evitar estar de pé  por tempo prolongado, realizar exercícios de relaxamento.

SINTOMAS URINÁRIOS
Representados pela aumento na frequencia urinaria e por acordar a noite para urinar, no primeiro trimestre devem-se à compressão do útero na bexiga, e, no final da gravidez, à compressão da apresentação fetal.
São sintomas inócuos que dispensam tratamento específico.

SONOLÊNCIA E INSÔNIA
A sonolência é um sintoma sem etiologia conhecida e que não necessita de tratamento.
A insônia pode ocorrer em gestantes mais ansiosas, pelo medo e pelas incertezas que as
mudanças da gravidez podem trazer para a vida cotidiana.

SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO
Síndrome que ocorre devido ao edema do túnel do carpo, de origem não elucidada. Sua incidência varia de 25 a 50%. Os sintomas são dores nas mãos e dormencia à noite e no início da manhã. Costuma ser autolimitada, com melhora dos sintomas em 60%
das pacientes 30 dias após o parto e em 95% 1 ano depois.
O tratamento conservador é feito com imobilização da mão com tala. O tratamento cirúrgico
reserva-se aos casos mais graves e, geralmente, não é realizado durante a gestação.


CONGESTÃO NASAL E EPISTAXE
Devido à produção aumentada de hormônios esteróides, que levam à dilatação dos vasos e ao
aumento da vascularização da mucosa nasal, surge o desconforto da congestão nasal, que é
tratado geralmente com uso de soro fisiológico.
A epistaxe(sangramento nasal) costuma ser resolvida com leve compressão local.

GENGIVORRAGIA(sangramento das gengivas)
Decorrente da mesma forma da congestão da mucosa oral. Em alguns casos, pode levar a
doença periodontal por hipertrofia gengival.
A higiene bucal adequada, com escova de cerdas macias, é o tratamento preconizado.

CORRIMENTO
O corrimento normal da gravidez consiste em conteúdo vaginal de consistência fluida que
não causa irritação e deve-se à modificação da flora de Doderlein (flora normal da vagina), maior descamação do epitélio vaginal e secreção aumentada.
Tal situação não requer tratamento,

Por fim, as queixas comuns na gravidez frequentemente se associam às adaptações do
organismo ao período gravídico. Em muitos casos, exibem melhora com orientação emocional
ou medidas sintomáticas. Piora progressiva pode associar-se a intercorrências clínicas ou
obstétricas. A licença-maternidade, que proporciona à grávida o direito de se afastar de suas
atividades profissionais, oferece à gestante a opção de utilizá-la da forma que lhe for mais
conveniente. De todo modo, só pode ser usada após a 36a semana de gestação (CLT, artigo 292, parágrafo 1o, lei n. 8.213 da Previdência Social).

ALGUMAS ORIENTAÇÕES BÁSICAS DURANTE A GESTAÇÃO

Durante a gestação ocorrem modificações locais e gerais no organismo materno, decorrentes de adaptações e alterações funcionais, gerando sinais e sintomas específicos desta fase de vida da mulher.
Todos esses fatores deixam claro a necessidade do acompanhamento pré-natal.
Durante a gestação, algumas manifestações clínicas são previsíveis; o
bom senso e as condições individuais deverão                                                                                          nortear as orientações específicas.
REPOUSO
Não existem evidências científicas que sustentem a necessidade de repouso no leito para eviter o abortamento de primeiro trimestre e o parto prematuro.
A limitação da atividade física
visa preservar a oferta de oxigênio e nutrientes em benefício fetal pela placenta, razão pela qual recomendamos o repouso relativo em alguma situações de risco.

EXERCÍCIOS FÍSICOS
Durante a gravidez, grande parte das atividades físicas é segura. Os exercícios mais
aconselhados são caminhada, natação, hidroginástica, ioga e alongamento.
Devem ser evitados exercícios que representem algum tipo de risco, como a musculação por
flexão de coluna e por impacto.
A OMS recomenda a prática de exercícios moderados diariamente, por 30 min.

HIPERTERMIA
A hipertermia (temperatura axilar >38,0°C) pode ser responsável por malformações, principalmente defeitos do tubo neural, quando ocorre no primeiro trimestre gestacional. Dessa forma, a exposição ao calor na forma de banhos quentes de imersão ou sauna, no primeiro trimestre da gravidez,
associa-se a risco aumentado de defeitos do tubo neural.
O banho quente de hidromassagem se associa a risco duas vezes maior de abortamento antes
de 20 semanas de gestação.
Não há risco decorrente de exposição solar no que se refere à hipertermia, desde que em
períodos máximos de 20 minutos diários, evitando a exposição solar a pino, ou seja, entre 10 e 16 horas.

VIAGENS
As viagens aéreas, geralmente, são seguras para a grávida até quatro semanas antes da data
provável do parto. No entanto, devido ao risco de eventos tromboembólicos decorrentes
de imobilização forçada, recomenda-se o uso de meias elásticas, deambulação precoce, e
extensão e flexão das pernas.
Nos casos de viagens terrestres, recomenda-se paradas a cada duas horas para exercitar os
membros inferiores, promover o esvaziamento da bexiga e o alongamento da região lombar.

ATIVIDADE SEXUAL
Na atividade sexual, o contato com o colo do útero pode estimular contrações uterinas por reflexo.
Dessa forma, a prática de atividade sexual pode ser interrompida em casos de ameaça de aborto,
sangramento vaginal, ameaça de parto prematuro, placenta prévia ou insuficiência cervical.


INGESTÃO DE ÁLCOOL
O álcool etílico é capaz de provocar malformações fetais, pois atravessa a barreira placentária e é
lentamente metabolizado pelo feto.
Dessa forma, sua utilização durante a gestação deve ser contraindicada.
A síndrome alcoólica fetal caracteriza-se por: defeitos cardíacos, defeitos articulares,
irritabilidade persistente nos primeiros anos de vida, seguida de atraso mental e neuromotor,
hiperatividade ou déficit de atenção, prejuízo ao aprendizado aprendizado, prejuízo sensorial, paralisia cerebral e epilepsia.
Os recém-nascidos prematuros de gestantes que ingerem sete ou mais doses de bebida
alcoólica por semana, ou três ou mais doses na mesma ocasião, tem risco maior para alterações cerebrais.


USO DE DROGAS ILÍCITAS
Todas as drogas ilícitas são contraindicadas durante a gravidez, devido ao risco fetal em
decorrência da permeabilidade placentária a essas substâncias.
A cocaína aumenta de modo significativo o risco de descolamento prematuro da placenta, restrição do crescimento intra-uterino e partos prematuros.

TABAGISMO
A nicotina causa contração dos vasos sanguineos, por isso, o hábito de fumar leva à diminuição da
passagem de oxigênio e nutrientes para o feto, levando à restrição do crescimento fetal.


VESTUÁRIO
Recomenda-se que a roupa seja confortável para a grávida, recomenda-se
a contenção vascular mediante o uso de meias elásticas, cintas abdominais de sustentação e
sutiãs para sustentação mamária, que devem ser utilizados durante toda a gestação.

 COSMÉTICOS
A utilização de cremes, principalmente para a prevenção de estrias, é prática comum nas
gestantes durante o pré-natal.As formulações com base no óleo de amêndoas são as mais
utilizadas.
Na verdade, a pele, pela ação da progesterona, sofre um ressecamento e, com o crescimento
do útero e das mamas, ocorre o estiramento, que, e se a pele não for  bem hidratada, favorece o surgimento de estrias. Assim, a prevenção deve ser feita com hidratação frequente
da pele com qualquer produto, independentemente de sua formulação, desde que não seja
contraindicado na gravidez.
O uso de tinturas e a escova progressiva são contraindicados durante a gravidez, pela
presença de amônia e benzeno, que podem alterar alguns setores do organismo materno,
como a tireoide e o SNC, se absorvidos pelo couro cabeludo. Mechas, luzes e o uso de hena
estão liberadas após a primeira metade da gestação.




MINERAIS E GESTAÇÃO

Os minerais estão associados a funções importantes do organismo, e alguns precisam ser repostos durante a gestação. Os alimentos, tanto de origem animal quanto vegetal, são a nossa principal fonte de minerais.
Existem os macrominerais: cálcio, do sódio e do potássio, por exemplo. E os microminerais: como o ferro, o zinco e o flúor.

Ferro
É um dos componentes da hemoglobina, parte da hemácia ( célula vermelha do sangue), que leva o oxigênio até os tecidos( órgãos). Durante a gravidez, como o volume sanguíneo aumenta em até 50%, a necessidade de ferro também cresce.
Melhora a resistência imunológica.
Muito encontrado em carnes vermelhas, cereais integrais, vegetais verde-escuros, feijão e lentilha. Sua deficiência pode levar a gestante a desenvolver anemia
A suplementação diária deve ser de 30 a 60 miligramas de ferro durante toda a gestação.

Cálcio
Trata-se do mineral mais abundante no organismo. Importante para a formação de ossos e dentes, também promove contração muscular e coagulação sanguínea.
A principal fonte é o leite e seus derivados (queijo, iogurte, etc.), mas também está presente na gema de ovo, gergelim, amêndoas, sardinha, feijão e folhas verdes.
Na falta do cálcio o bebê vai “roubar” as reservas de cálcio do organismo materno, aumentando o risco da mulher ter cãibras na gravidez e osteoporose no futuro.
A dose diária recomendável para a grávida é no mínimo, 1.200 mg do mineral por dia; presente em dietas balanceadas. A reposição de cálcio normalmente é feita através de polivitamínicos prescritos no pré-natal.
Outra recomendação importante para as gestantes é tomar sol, já que a vitamina D (que é sintetizada pelo organismo durante a exposição solar) favorece a absorção de cálcio.

Flúor
O mineral é conhecido pela prevenção de cáries, mas também atua nos tecidos e nas células.
A principal fonte do nutriente é a água enriquecida com flúor, ou seja, fluoretada. A fluoretação das águas de abastecimento público é obrigatória por lei no Brasil. Também é encontrado em chás e peixes de água salgada.
Não há doenças associadas. Não há evidências científicas que comprovem atualmente a necessidade de suplementação pré-natal de flúor.

Iodo
Indispensável para o funcionamento de todo o organismo, principalmente porque atua na formação dos hormônios da glândula tireoide (que age na maioria dos órgãos e funções).
Encontrado em legumes, frutos do mar e sal iodado.
No Brasil, a adição do mineral no sal para consumo de humanos é obrigatória.
A carência de iodo pode levar ao aborto ou afetar o desenvolvimento cerebral do bebê.
A dose diária recomendada pela OMS aumenta durante a gestação: de 150 mcg passa a 250 mcg por dia.

Zinco
Fundamental para a realização de reações químicas no organismo, atuando no crescimento, na imunidade, na reprodução, no sistema nervoso e na expressão dos genes.
Presente nas carnes, peixe, ovos, ostras, iogurte, grãos integrais, castanhas, mas a absorção do zinco de origem vegetal é inferior.
A deficiência está relacionada a baixo peso ao nascer, assim como atraso no crescimento fetal.
A recomendação é de 11 mg por dia na gestação. Pode ser alcançada por uma alimentação equilibrada, especialmente se a carne faz parte da dieta.