quinta-feira, 17 de maio de 2012

DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS

DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA
Uma disfunção sexual caracteriza-se por uma perturbação nos processos que caracterizam o ciclo de resposta sexual ou por dor associada com o intercurso sexual.  O ciclo de resposta sexual é dividido em quatro fases, são elas: 1.desejo, 2.excitação, 3.orgasmo e 4.resolução (ABDO, 2001).
É um bloqueio total ou parcial da resposta psico-fisiológica (CAVALCANTI, 2006).
Os transtornos da resposta sexual podem ocorrer em uma ou mais dessas fases. Sempre que mais de uma disfunção estiver presente, todas são registradas. Os conjuntos de critérios não fazem qualquer tentativa de especificar uma freqüência mínima ou faixa de contextos, atividades ou tipos de encontros sexuais nos quais as disfunções devem ocorrer (GOLDSTEIN, 2008). Este julgamento deve ser feito pelo clínico, levando em consideração fatores tais como a idade e experiência do indivíduo, freqüência e cronicidade do sintoma, sofrimento subjetivo e efeito sobre outras áreas do funcionamento (CAVALCANTI, 2006).
As disfunções sexuais femininas raramente são encontradas isoladas de outras síndromes psiquiátricas, podem levar a problemas de relacionamentos ou ser conseqüência destes, com desenvolvimento crescente do medo do fracasso e do constrangimento em relação ao seu desempenho sexual (HARRIS et al., 2009).
Costuma estar associados a transtornos depressivos, de ansiedade, de personalidade e esquizofrenia (HARRIS and MARKOWSKI, 2009).
Podem ter origem ou biológica, ou de conflitos intrapsíquicos ou interpessoais, ou de uma combinação desses fatores (CAVALCANTI, 2007).
Deve se levar em conta no diagnóstico de uma disfunção, a bagagem étnica, cultural, religiosa e social do indivíduo, que pode influenciar o desejo, as expectativas e atitudes quanto ao desempenho sexual.
O diagnóstico de disfunção sexual é clínico, baseado em uma excelente anamnese e avaliação ginecológica (ABDO, 2001).
As disfunções sexuais são categorizadas como transtornos do Eixo I (KAPLAN, 2007).
No momento, vigoram dois reconhecidos manuais classificatórios, que apresentam pequenas diferenças em seus critérios diagnósticos. São eles: Classificação Internacional de Doenças, décima revisão - OMS 1993 (CID – 10) e Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quarta edição, Texto Revisado 2003 (DSM - IV – TR).


Classificação das Disfunções Sexuais Femininas CID – 10 (OMS,1993)
F 52.0 - TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL HIPOATIVO
F 52.1 - AVERSÃO SEXUAL
F 52.2 - TRANSTORNO DA EXCITAÇÃO SEXUAL FEMININA
F 52.3 - DISFUNÇÃO ORGÁSMICA
F 52.5 - VAGINISMO NÃO ORGÂNICO
F 52.6 - DISPAREUNIA NÃO ORGÂNICA

Classificação das Disfunções Sexuais Femininas – DSM – IV –TR (APA,2003)
302.79  AVERSÃO SEXUAL
A - Extrema aversão ou esquiva persistente ou recorrente de todo ou quase todo contato sexual genital com um parceiro sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I.
302.71  TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL HIPOATIVO
A - Deficiência ou ausência, persistente ou recorrente de fantasias ou desejo de ter atividade sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de uma condição médica geral.
302.72  TRANSTORNO DA EXCITAÇÃO SEXUAL FEMININA
A - Fracasso persistente ou recorrente em adquirir ou manter uma resposta de excitação sexual de lubrificação-turgescência até a consumação da atividade sexual
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de uma condição médica geral.
302.73  TRANSTORNO ORGÁSMICO FEMININO
A – Atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo após uma fase normal de excitação sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de uma condição médica geral.
302.76 DISPAREUNIA
A – Dor genital persistente ou recorrente associada ao ato sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de uma condição médica geral.
306.51 VAGINISMO
A – Espasmo involuntário, persistente ou recorrente da musculatura do terço inferior da vagina, que interfere no intercurso sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de uma condição médica geral.
Todas as disfunções descritas acima, ainda podem ser classificadas em subtipos, de acordo com o início da disfunção, quanto ao contexto e á fatores etiológicos associados.
Quanto ao início da disfunção:
Tipo ao Longo da Vida - se a disfunção está presente desde o início do funcionamento sexual.
Tipo Adquirido – se a disfunção se desenvolve apenas após um período de funcionamento normal.
Quanto ao contexto no qual a disfunção ocorre:
Tipo Generalizado – se a disfunção sexual não está limitada a certos tipos de estimulação, situações e parceiros.
Tipo Situacional – se aplica se a disfunção está limitada a certos tipos de estimulação, situações e parceiros.
Quanto aos Fatores Etiológicos associados com a disfunção:
Devido a Fatores Psicológicos – aplicam-se quando fatores psicológicos supostamente desempenham um papel importante no início, gravidade, exacerbação, ou manutenção da disfunção sexual, e condições médicas gerais e uso de substâncias não exercem qualquer papel na etiologia da disfunção sexual.
Devido a Fatores Combinados - aplicam-se quando fatores psicológicos supostamente desempenham um papel importante no início, gravidade, exacerbação, ou manutenção da disfunção sexual, e uma condição médica geral e uso de substâncias também contribui supostamente, mas não basta para explicar a disfunção sexual.
Há ainda disfunções sexuais devido a uma condição médica geral, onde esta é a causa da disfunção, e as induzidas por uso de uma substância.
TRANSTORNO SEXUAL DEVIDO A UMA CONDIÇÃO MÉDICA GERAL
A – Disfunção sexual clinicamente significativa que tem como resultado um acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
B – Existe evidências á partir da história, do exame físico ou de exames laboratoriais, de que a disfunção é plenamente explicada pelos efeitos fisiológicos direto de uma condição médica geral.
C – A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental.
TRANSTORNO SEXUAL INDUZIDO POR SUBSTÂNCIAS
A – Predomina no quadro clínico uma disfunção clinicamente significativa, que tem como resultado um acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
B - Existe evidências á partir da história, do exame físico ou de exames laboratoriais, de que a disfunção é plenamente explicada pelo uso de uma substância, o que se manifesta por (1) ou (2)
(1)   Os sintomas no critério A desenvolveram-se durante ou dentro de um mês após intoxicação com a substância.
(2)   O uso do medicamento está etiologicamente relacionado com a perturbação.
C – A perturbação não é mais bem explicada por uma disfunção sexual não induzida por substâncias.

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