sábado, 7 de julho de 2012

ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA


A anticoncepção de emergência, também conhecida como pílula do dia seguinte é um método utilizado para prevenção da gestação indesejada e inoportuna oriunda na maioria das vezes de uma relação sexual eventualmente desprotegida, ou de um ato de violência sexual ou de falha no método contraceptivo eleito, como por exemplo ruptura do preservativo durante o coito ou uso de anticoncepcionais orais e distúrbios gastrointestinais, cálculo incorreto do período fértil, etc...

 Não é um método abortivo, já que atua antes da junção dos gametas femininos aos masculinos. Não ocorre a fecundação.

Não deve ser usada de forma planejada, nem substituir o método de rotina.

Podem ser utilizados anticoncepcionais orais combinados cuja associação mais conhecida é a de etinilestradiol e levonorgestrel, ou pílulas de progestágenos isolados, comumente o levonorgestrel em dose única.

 Ambos podem ser utilizados até 5 dias após a relação desprotegida, mas quanto mais precoce se inicia o método, menor o índice de falha.

O índice de sucesso na contracepção de emergência é de 75 a 85%, ou seja funciona para cada 3 mulheres em 4. No entanto deve ser lembrado que o uso repetitivo ou freqüente do método, diminui sua  eficácia. A ovulação pode ser retardada ou impedida em 85% dos casos, impossibilitando o contato dos espermatozóides com o óvulo. E o espessamento do muco do colo do útero impede a ascensão dos espermatozóides.

Seus efeitos colaterais mais freqüentes são náusea em 40% dos casos, e vômitos em 15% , alem de cefaléia, dor mamaria e vertigem.

A maioria das mulheres não apresenta modificações em seus ciclos, e não há sangramento imediato após o seu uso, normalmente a menstruação seguinte ocorrerá dentro do prazo previsto.

A única contra-indicação absoluta para o uso da pílula do dia seguinte,  é a gravidez confirmada, mas não há registros de efeitos teratogênicos para o concepto.

É importante procurar o seu ginecologista para a prescrição correta, não se auto-medique.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

ANTICONCEPCIONAL ORAL COMBINADO E O DESEJO SEXUAL


ANTICONCEPCIONAL ORAL COMBINADO E O DESEJO SEXUAL

Não existe ainda um consenso sobre os efeitos dos métodos hormonais sobre os exercícios da sexualidade, sendo assim, torna-se difícil traçar um padrão geral de correlação entre a ovulação e as variações do ciclo de resposta sexual, sendo conseqüentemente dificultado o conhecimento do que ocorre quando a ovulação é artificialmente inibida
Os Contraceptivos Orais Combinados (COCs) representam o método anticoncepcional mais utilizado em todo o mundo. Estima-se que 100 milhões de mulheres são usuárias desse método, que se caracteriza por sua elevada eficácia: a falha é de menos de um a cada 100 mulheres/ano com o uso perfeito (dose diária, em horário fixo), aumentando para 5 a cada 100 mulheres ano, com sua utilização típica. Em nosso país estima-se que 20% das mulheres em idade fértil utilizem os COCs .
Os contraceptivos orais combinados podem ser classificados pela dose estrogênica, denominados pílulas de alta ou baixa dose, ou pelo progestagênio, denominados de primeira, segunda ou terceira geração. O etinilestradiol é o estrogênio usado em todas as pílulas. O que varia é a sua dose, que justamente classifica as pílulas como de alta dose ou baixa dose ou ultra-baixa dose. Por outro lado, a geração do contraceptivo é dada pelo progestagênio nele contido, embora também se leve em consideração a dose estrogênica. As pílulas de primeira geração (disponíveis no mercado brasileiro) são aquelas que contém levonorgestrel associado a 50 µg de etinilestradiol. Doses menores de etinilestradiol, associado ao progestagênio levonorgestrel, caracterizam as pílulas de segunda geração. Na presença de desogestrel ou gestodeno as pílulas são denominadas de terceira geração..
 As principais motivações para rejeição da pílula em estudo de entrevistas foram relacionadas à sua baixa inocuidade. Os efeitos colaterais mais citados: náuseas, vômitos, dor de cabeça, enxaqueca, dor de estômago, azia, tonturas, mal-estar, irritação, nervosismo, aumento de peso, pressão alta, varizes, dor nas pernas, diminuição da libido. Esses efeitos adquirem importância para as mulheres a partir do impacto negativo em sua qualidade de vida .
Estudo com 60 mulheres comparando dois tipos de anticoncepcionais - alta e baixa dose de etinilestradiol - e seus efeitos nos níveis de androgênios e no interesse sexual, observou-se que houve diminuição dos níveis de androgênios com ambas as doses, porém menor com o anticoncepcional de baixa dose. Em relação ao escore de interesse sexual não houve mudanças significativas .
Panzer et al.  observaram que o uso de contraceptivos hormonais elevou os níveis séricos de SHBG e sua descontinuação por mais de 120 dias não levou ao retorno desses níveis aos valores de base. Os autores questionam os efeitos a longo prazo na saúde sexual, mental e metabólica desse aumento crônico de SHBG.
Evidências indicam que apesar de níveis altos de SHBG, em algumas pacientes que apresentaram desejo hipoativo com o uso de anticoncepcionais hormonais, o desejo sexual pode retornar ao normal em 3 meses após a descontinuação do contraceptivo .
Em 2006, um estudo com 61 mulheres e três diferentes doses de anticoncepcionais hormonais observou significante diminuição nos níveis de testosterona, testosterona livre e sulfato de dehidriepiandrostenediona. Entretanto, algumas mulheres não apresentaram queda no interesse sexual, apesar da redução da testosterona livre, e não foram afetadas no prazer da atividade sexual com o parceiro. Esses achados corroboram para a idéia de que algumas mulheres podem ser mais sensíveis às mudanças nos níveis séricos de testosterona que outras.
Em 2008, porém, uma revisão de literatura avaliou que estudos da influência da pílula na função sexual são contraditórios e a maioria dos estudos prospectivos, controlados não mostraram efeitos deletérios. Grandes estudos longitudinais também não identificaram relação entre testosterona e função sexual nas mulheres. Hormônios sexuais são um fator modificador da função sexual, porém, influências sociais e experiência são mais importantes .
Em 2005, estudo com mulheres usando anticoncepcional contendo drospirenona, uma progesterona de quarta geração, observou um aumento de prazer e satisfação sexual, além de frequência de ocorrência de orgasmo. Só não foi constatado aumento no desejo sexual
A relação de anticoncepção hormonal com disfunções sexuais ainda é controversa,os mais variados resultados foram obtidos: desde anticoncepcionais como causa de disfunções até melhora da sexualidade com o seu uso.
. A maioria dos estudos mostram  uma alteração real nos níveis sérico de androgênios, com diminuição de testosterona livre e aumento de SHBG com o uso de anticoncepcionais hormonais. Porém nem todos foram eficazes em relacionar essa alteração com mudanças na sexualidade e disfunções sexuais.
Ainda são necessários mais estudos, com metodologias rigorosas, analisando diferentes formulações e vias de administração, para se comprovar um efeito que é frequentemente visto na prática clínica, ou seja, uma importante porção de pacientes em uso de anticoncepcionais orais combinados queixam-se de diminuição do desejo sexual e apresentam alguma melhora na interrupção ou substituição do método.

DESEJO SEXUAL HIPOATIVO


DESEJO   SEXUAL  HIPOATIVO

Em uma revisão de Hayes et al, em 2006, com 11 estudos de diversos países, foi demonstrado que a dificuldade de desejo é a disfunção sexual mais comum referida pelas mulheres (média de 64%), seguida por dificuldades com orgasmo (média de 35%), excitação (média de 31%) e dores sexuais (média de 26%). Embora a maioria dessas dificuldades ocorra a menos de seis meses, mais de um terço delas já persistem por mais de seis meses. A proporção de mulheres que vivenciam mais de um tipo de disfunção é grande
No Brasil, segundo o Estudo da Vida Sexual, as “falhas sexuais” foram constantes em 50,9% das mulheres. Falhas permanentes por meses consecutivos, numa pessoa que já passou da fase de iniciação sexual e não atravessa uma crise de relacionamento, são chamadas de disfunções sexuais e devem ser investigadas/avaliadas. As mais freqüentes são: falta de ou pouco desejo, dificuldade de excitação, ausência de orgasmo, dor relacionada ao ato sexual .
Em cada 100 mulheres, 27 referiram dificuldade para se excitar durante o ato sexual. Essa dificuldade é vivenciada como falta de lubrificação ou lubrificação insuficiente e relaxamento dos músculos da vagina e da pelve corroborando com a falta de envolvimento emocional com o ato e com o parceiro no momento da relação.
Esse índice atinge mais as mulheres entre 18 e 25 anos do que as que estão na faixa dos 26 aos 40 anos. A partir dessa idade, esse percentual volta a subir .
. A pura e total falta de desejo afeta quatro vezes mais as mulheres (8,2%) que os homens (2,1%) .
Com o avançar da idade, mais e mais mulheres perdem gradativamente o desejo sexual. Acima dos 60 anos, um quinto delas já não quer mais saber do assunto sexo. A dificuldade para chegar ao orgasmo é uma questão predominantemente feminina: de modo geral, atinge cinco vezes mais mulheres (26,2%) do que homens (4,9%) .
A disfunção sexual feminina em relação a ausência ou diminuição  do desejo são assim conceituadas:
·         302.71 Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo:
A característica essencial do Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo é uma deficiência ou ausência de fantasias sexuais e desejo de ter atividade sexual. O indivíduo em geral não inicia a atividade sexual ou pode engajar-se apenas com relutância quando esta é iniciada pelo parceiro. Embora a freqüência das experiências sexuais geralmente seja baixa, a pressão do parceiro ou necessidades não-sexuais (por ex., de conforto físico ou intimidade) podem aumentar a freqüência dos encontros sexuais.. O julgamento de deficiência ou ausência é feito pelo clínico, levando em consideração fatores que afetam o funcionamento sexual, tais como idade e contexto de vida do indivíduo .(DSM-IV-TR)
·         F52.0 Ausência ou perda do desejo sexual: a perda do desejo sexual é o problema principal e não é secundário a outras dificuldades sexuais como uma falha da ereção ou uma dispareunia .(CID-10)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

ANORGASMIA FEMININA


Anorgasmia Feminina

De acordo com Cavalcanti (2006, p.252), “é provável que, de todas as disfunções sexuais femininas, a anorgasmia deixe marcas mais sensíveis na mulher: no corpo, a dor pélvica surda e persistente; na alma, a destruição do autoconceito”.
A mulher anorgásmica tende a se sentir diminuída, inferiorizada, humilhada e incompetente (CAVALCANTI, 2006).
A queixa feminina mais freqüente, na esfera sexual, traduz-se na falta de prazer, que pode significar um comprometimento de todo o ciclo de resposta sexual fisiológico, ou puramente a fase orgásmica (KAPLAN, 2007).
Mulheres que conseguem alcançar o orgasmo através da masturbação, não são, necessariamente, categorizadas como anorgásmicas (KAPLAN, 2007)
Na mulher, o bloqueio do orgasmo constitui a disfunção sexual mais freqüente, e comum em todas as regiões do mundo, podendo variar de 18 a 41% de prevalência (LAUMANN et al., 2005). No Brasil, um estudo populacional, mostrou 26,2% desta disfunção (ABDO, 2004).
Podemos classificar as anorgasmias, segundo os critérios cronológicos e fenomenológicos.
De acordo com a cronologia elas podem ser primárias e secundárias. É primária aquela em que a mulher nunca experimentou o clímax sexual, ou o orgasmo propriamente dito. E secundária , quando a mulher era anteriormente orgásmica, e que a partir de certo tempo passou a bloquear o orgasmo (CAVALCANTI, 2006).
De acordo com o critério fenomenológico, temos a anorgasmia situacional, eletiva, relativa ou circunstancial, que depende do parceiro ou da circunstância, e a anorgasmia absoluta ou total, em que a mulher nunca sente orgasmo, independente do tipo ou da qualidade do estímulo (CAVALCANTI, 2006).
Em relação a anorgasmia, podemos dizer que as causas psicológicas são os determinantes mais freqüentes, contudo os fatores orgânicos devem ser afastados(ABDO, 2001).
Pouco freqüentes são as causas orgânicas responsabilizadas pelo bloqueio do reflexo orgásmico.
Alterações neurológicas graves, seja por doenças do sistema nervoso central, lesões medulares, ou dos nervos periféricos que participam do reflexo orgásmico, podem determinar esse bloqueio, que também pode ocorrer pelo abuso de álcool, ou drogas psicoativas (CAVALCANTI, 2006).
Em geral, a inibição do orgasmo é resultado de estímulo inadequado das zonas erógenas, em especial, o clitóris (ABDO, 2000).
As causas psicológicas são os determinantes mais freqüentes. Há um amplo espectro de variáveis psicossociológicas inibidoras (ARCOS, 2004).
As causas socioculturais, sobretudo a desinformação, ou informações distorcidas, tabus, normas sociais sexofóbicas, religião, conduzem ao aprendizado da anorgasmia (CAVALCANTI, 2006).

MODIFICAÇÕES ORGÂNICAS NO CICLO SEXUAL FEMININO


     Modificações  Orgânicas no  Ciclo Sexual Feminino

O impulso e o desejo sexual é comum a homens e mulheres, embora os estímulos externos para as fantasias, costumam diferir . As mulheres parecem ser menos sensíveis a estímulos visuais, e responde melhor á histórias românticas, cuja paixão á impele á um compromisso estável e duradouro. Apresentam uma menor freqüência de pensamentos sexuais espontâneos, menor interesse em participar de atividades sexuais exclusivamente para satisfação física, e podem experimentar os sinais físicos da excitação, sem estar ciente deles (CAVALCANTI, 2006).
A fase de excitação pode durar de vários minutos á horas, com seu pico pré-orgástico de trinta segundos á três minutos. A pele apresenta rubor sexual inconsciente, com uma erupção maculopapular que se origina no abdomem e se espalha para o tórax, face e pescoço. Nas mamas ocorre ereção mamilar e aumento areolar, e aumento de um quarto do volume por congestão venal. Aumento do diâmetro da glande do clitóris, seguido de retração para o interior do prepúcio, os grandes lábios elevam-se a achatam-se contra o períneo, os pequenos lábios aumentam de duas á três vezes o tamanho normal com mudança da coloração para um vermelho intenso, a vagina sofre alongamento e distensão, com mudança da coloração para arroxeada, com transudato vaginal dentro de dez á trinta segundos após o início da excitação, com contrações do terço inferior. O útero ascende para a pelve falsa, com contrações no pico da excitação semelhantes as do parto, ocorrem ainda miotonias generalizadas.
A fase orgástica tem duração média de três á quinze segundos, a pele apresenta rubor bem nítido, as mamas podem tornar-se trêmulas, os pequenos lábios podem apresentar contrações, a vagina apresenta de três á quinze contrações do terço inferior á intervalos de 0,8 segundos, perda do controle muscular voluntário, contrações rítmicas presentes também no reto, hiperventilação e taquicardia e elevação da pressão arterial. De 30 á 80mmHg na pressão sistólica e 20 á 40mmHg na diastólica, movimentos voluntários e involuntários dos grandes grupos musculares, contrações faciais e espasmos carpopedal, está associado á leve obnubilação da consciência.
A fase de resolução dura cerca de dez á quinze minutos se houver orgasmo, caso não ocorra, pode levar de doze á vinte e quatro horas.
Na pele o rubor diminui na ordem inversa do aparecimento, há o aparecimento de transpiração nas solas dos pés e palmas das mãos, as mamas retornam ao normal em doze á vinte e quatro horas, o corpo do clitóris retorna á posição normal em cinco á dez segundos, com detumescência dentro de aproximadamente cinco á trinta minutos, e se não houver orgasmo pode chegar á horas, os grandes lábios retornam ao normal em cinco minutos, na vagina a congestão desaparece em segundos, ou se não houver orgasmo até trinta minutos. Está associado a sensação de bem estar e relaxamento muscular generalizado, porém se não ocorre orgasmo pode associar-se a sensação de irritabilidade e desconforto. As mulheres não apresentam período refratário e são capazes de múltiplos e sucessivos orgasmos (KAPLAN, 2007).

quinta-feira, 24 de maio de 2012

SEXUALIDADE NORMAL


SEXUALIDADE NORMAL

       Em relação á sexualidade normal do indivíduo, Kaplan (2007, p.739) constata que:
A sexualidade normal envolve sentimentos de desejo, comportamentos que trazem prazer para o próprio indivíduo, e para sua parceria, alem de estimulação dos órgãos genitais sexuais primários, incluindo também o coito. Além disso, é destituída de sentimentos inapropriados de culpa ou ansiedade e não é compulsiva.
            Por séculos foi considerada expressão de instintos animais, portanto deveria combatida e controlada.
Nos animais é claramente demarcada pelo ciclo biológico, envolvendo cio, rituais de acasalamento e escolhas de parceiros com fins reprodutivos (ABDO, 2001).
Na espécie humana mostra-se ampla e ilimitada, sem travas biológicas (LEIBLUM, 2000). E indissociável da estrutura mental do sujeito (FOUCAULT, 1994).
Como tudo que é humano, a sexualidade deve ser analisada sob três aspectos fundamentais: o biológico – envolvendo anatomia e biologia, o sócio-cultural – que envolve a cultura e o meio em que o individuo vive e a suas relações com os outros, e o psicológico – por experiências evolutivas durante todo o ciclo vital (CAVALCANTI, 2006).
Do ponto de vista biológico, sexo normal é aquele que se manifesta sob a forma de resposta fisiológica hígida.
Na visão sociológica sexo normal, é aquele praticado pela maioria dos indivíduos que compõe um grupo social. Há padrões culturais que definem a normalidade sociológica a qual, nesse caso, coincide estatisticamente com o valor modal.
Sob o aspecto psicológico, sexo normal, é aquele assim considerado na visão particular de cada um, importando satisfação pessoal ou adequação sexual de cada individuo, ou seja, um estado intra e interpessoal de satisfação (CAVALCANTI, 2006).
De uma maneira geral, pode-se dizer que normal em sexualidade, se resume ao satisfazer-se e satisfazer sexualmente a parceria, desde que, não haja riscos ou danos a si mesmo, á parceria, ou ao meio social (VITIELO, 1998).

quinta-feira, 17 de maio de 2012

DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS

DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA
Uma disfunção sexual caracteriza-se por uma perturbação nos processos que caracterizam o ciclo de resposta sexual ou por dor associada com o intercurso sexual.  O ciclo de resposta sexual é dividido em quatro fases, são elas: 1.desejo, 2.excitação, 3.orgasmo e 4.resolução (ABDO, 2001).
É um bloqueio total ou parcial da resposta psico-fisiológica (CAVALCANTI, 2006).
Os transtornos da resposta sexual podem ocorrer em uma ou mais dessas fases. Sempre que mais de uma disfunção estiver presente, todas são registradas. Os conjuntos de critérios não fazem qualquer tentativa de especificar uma freqüência mínima ou faixa de contextos, atividades ou tipos de encontros sexuais nos quais as disfunções devem ocorrer (GOLDSTEIN, 2008). Este julgamento deve ser feito pelo clínico, levando em consideração fatores tais como a idade e experiência do indivíduo, freqüência e cronicidade do sintoma, sofrimento subjetivo e efeito sobre outras áreas do funcionamento (CAVALCANTI, 2006).
As disfunções sexuais femininas raramente são encontradas isoladas de outras síndromes psiquiátricas, podem levar a problemas de relacionamentos ou ser conseqüência destes, com desenvolvimento crescente do medo do fracasso e do constrangimento em relação ao seu desempenho sexual (HARRIS et al., 2009).
Costuma estar associados a transtornos depressivos, de ansiedade, de personalidade e esquizofrenia (HARRIS and MARKOWSKI, 2009).
Podem ter origem ou biológica, ou de conflitos intrapsíquicos ou interpessoais, ou de uma combinação desses fatores (CAVALCANTI, 2007).
Deve se levar em conta no diagnóstico de uma disfunção, a bagagem étnica, cultural, religiosa e social do indivíduo, que pode influenciar o desejo, as expectativas e atitudes quanto ao desempenho sexual.
O diagnóstico de disfunção sexual é clínico, baseado em uma excelente anamnese e avaliação ginecológica (ABDO, 2001).
As disfunções sexuais são categorizadas como transtornos do Eixo I (KAPLAN, 2007).
No momento, vigoram dois reconhecidos manuais classificatórios, que apresentam pequenas diferenças em seus critérios diagnósticos. São eles: Classificação Internacional de Doenças, décima revisão - OMS 1993 (CID – 10) e Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quarta edição, Texto Revisado 2003 (DSM - IV – TR).


Classificação das Disfunções Sexuais Femininas CID – 10 (OMS,1993)
F 52.0 - TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL HIPOATIVO
F 52.1 - AVERSÃO SEXUAL
F 52.2 - TRANSTORNO DA EXCITAÇÃO SEXUAL FEMININA
F 52.3 - DISFUNÇÃO ORGÁSMICA
F 52.5 - VAGINISMO NÃO ORGÂNICO
F 52.6 - DISPAREUNIA NÃO ORGÂNICA

Classificação das Disfunções Sexuais Femininas – DSM – IV –TR (APA,2003)
302.79  AVERSÃO SEXUAL
A - Extrema aversão ou esquiva persistente ou recorrente de todo ou quase todo contato sexual genital com um parceiro sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I.
302.71  TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL HIPOATIVO
A - Deficiência ou ausência, persistente ou recorrente de fantasias ou desejo de ter atividade sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de uma condição médica geral.
302.72  TRANSTORNO DA EXCITAÇÃO SEXUAL FEMININA
A - Fracasso persistente ou recorrente em adquirir ou manter uma resposta de excitação sexual de lubrificação-turgescência até a consumação da atividade sexual
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de uma condição médica geral.
302.73  TRANSTORNO ORGÁSMICO FEMININO
A – Atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo após uma fase normal de excitação sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de uma condição médica geral.
302.76 DISPAREUNIA
A – Dor genital persistente ou recorrente associada ao ato sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de uma condição médica geral.
306.51 VAGINISMO
A – Espasmo involuntário, persistente ou recorrente da musculatura do terço inferior da vagina, que interfere no intercurso sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de uma condição médica geral.
Todas as disfunções descritas acima, ainda podem ser classificadas em subtipos, de acordo com o início da disfunção, quanto ao contexto e á fatores etiológicos associados.
Quanto ao início da disfunção:
Tipo ao Longo da Vida - se a disfunção está presente desde o início do funcionamento sexual.
Tipo Adquirido – se a disfunção se desenvolve apenas após um período de funcionamento normal.
Quanto ao contexto no qual a disfunção ocorre:
Tipo Generalizado – se a disfunção sexual não está limitada a certos tipos de estimulação, situações e parceiros.
Tipo Situacional – se aplica se a disfunção está limitada a certos tipos de estimulação, situações e parceiros.
Quanto aos Fatores Etiológicos associados com a disfunção:
Devido a Fatores Psicológicos – aplicam-se quando fatores psicológicos supostamente desempenham um papel importante no início, gravidade, exacerbação, ou manutenção da disfunção sexual, e condições médicas gerais e uso de substâncias não exercem qualquer papel na etiologia da disfunção sexual.
Devido a Fatores Combinados - aplicam-se quando fatores psicológicos supostamente desempenham um papel importante no início, gravidade, exacerbação, ou manutenção da disfunção sexual, e uma condição médica geral e uso de substâncias também contribui supostamente, mas não basta para explicar a disfunção sexual.
Há ainda disfunções sexuais devido a uma condição médica geral, onde esta é a causa da disfunção, e as induzidas por uso de uma substância.
TRANSTORNO SEXUAL DEVIDO A UMA CONDIÇÃO MÉDICA GERAL
A – Disfunção sexual clinicamente significativa que tem como resultado um acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
B – Existe evidências á partir da história, do exame físico ou de exames laboratoriais, de que a disfunção é plenamente explicada pelos efeitos fisiológicos direto de uma condição médica geral.
C – A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental.
TRANSTORNO SEXUAL INDUZIDO POR SUBSTÂNCIAS
A – Predomina no quadro clínico uma disfunção clinicamente significativa, que tem como resultado um acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
B - Existe evidências á partir da história, do exame físico ou de exames laboratoriais, de que a disfunção é plenamente explicada pelo uso de uma substância, o que se manifesta por (1) ou (2)
(1)   Os sintomas no critério A desenvolveram-se durante ou dentro de um mês após intoxicação com a substância.
(2)   O uso do medicamento está etiologicamente relacionado com a perturbação.
C – A perturbação não é mais bem explicada por uma disfunção sexual não induzida por substâncias.