DISFUNÇÃO SEXUAL
FEMININA
Uma disfunção sexual caracteriza-se por uma perturbação nos processos
que caracterizam o ciclo de resposta sexual ou por dor associada com o
intercurso sexual. O ciclo de resposta
sexual é dividido em quatro fases, são elas: 1.desejo, 2.excitação, 3.orgasmo e
4.resolução (ABDO, 2001).
É um bloqueio total ou parcial da resposta
psico-fisiológica (CAVALCANTI, 2006).
Os transtornos da resposta sexual podem ocorrer em
uma ou mais dessas fases. Sempre que mais de uma disfunção estiver presente,
todas são registradas. Os conjuntos de critérios não fazem qualquer tentativa
de especificar uma freqüência mínima ou faixa de contextos, atividades ou tipos
de encontros sexuais nos quais as disfunções devem ocorrer (GOLDSTEIN, 2008).
Este julgamento deve ser feito pelo clínico, levando em consideração fatores
tais como a idade e experiência do indivíduo, freqüência e cronicidade do
sintoma, sofrimento subjetivo e efeito sobre outras áreas do funcionamento
(CAVALCANTI, 2006).
As disfunções sexuais femininas raramente são
encontradas isoladas de outras síndromes psiquiátricas, podem levar a problemas
de relacionamentos ou ser conseqüência destes, com desenvolvimento crescente do
medo do fracasso e do constrangimento em relação ao seu desempenho sexual
(HARRIS et al., 2009).
Costuma estar associados a transtornos depressivos,
de ansiedade, de personalidade e esquizofrenia (HARRIS and MARKOWSKI, 2009).
Podem ter origem ou biológica, ou de conflitos intrapsíquicos ou
interpessoais, ou de uma combinação desses fatores (CAVALCANTI, 2007).
Deve se levar em conta no diagnóstico de uma
disfunção, a bagagem étnica, cultural, religiosa e social do indivíduo, que
pode influenciar o desejo, as expectativas e atitudes quanto ao desempenho
sexual.
O diagnóstico de disfunção sexual é clínico,
baseado em uma excelente anamnese e avaliação ginecológica (ABDO, 2001).
As disfunções sexuais são categorizadas como
transtornos do Eixo I (KAPLAN, 2007).
No momento, vigoram dois reconhecidos manuais
classificatórios, que apresentam pequenas diferenças em seus critérios diagnósticos.
São eles: Classificação Internacional de Doenças, décima revisão - OMS 1993
(CID – 10) e Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quarta
edição, Texto Revisado 2003 (DSM - IV – TR).
Classificação das Disfunções Sexuais Femininas CID
– 10 (OMS,1993)
F 52.0
- TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL HIPOATIVO
F 52.1
- AVERSÃO SEXUAL
F 52.2
- TRANSTORNO DA EXCITAÇÃO SEXUAL FEMININA
F 52.3
- DISFUNÇÃO ORGÁSMICA
F 52.5
- VAGINISMO NÃO ORGÂNICO
F 52.6
- DISPAREUNIA NÃO ORGÂNICA
Classificação das Disfunções Sexuais Femininas – DSM – IV –TR (APA,2003)
302.79
AVERSÃO SEXUAL
A - Extrema aversão ou esquiva persistente ou
recorrente de todo ou quase todo contato sexual genital com um parceiro sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou
dificuldade interpessoal
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro
transtorno do Eixo I.
302.71 TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL HIPOATIVO
A - Deficiência ou ausência, persistente ou
recorrente de fantasias ou desejo de ter atividade sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou
dificuldade interpessoal
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro
transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de
uma substância ou de uma condição médica geral.
302.72 TRANSTORNO DA EXCITAÇÃO SEXUAL FEMININA
A - Fracasso persistente ou recorrente em adquirir
ou manter uma resposta de excitação sexual de lubrificação-turgescência até a
consumação da atividade sexual
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou
dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro
transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de
uma substância ou de uma condição médica geral.
302.73 TRANSTORNO ORGÁSMICO FEMININO
A – Atraso ou ausência persistente ou recorrente de
orgasmo após uma fase normal de excitação sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou
dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro
transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de
uma substância ou de uma condição médica geral.
302.76
DISPAREUNIA
A – Dor genital persistente ou recorrente associada
ao ato sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou
dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro
transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de
uma substância ou de uma condição médica geral.
306.51
VAGINISMO
A – Espasmo involuntário, persistente ou recorrente
da musculatura do terço inferior da vagina, que interfere no intercurso sexual.
B - A perturbação causa acentuado sofrimento ou
dificuldade interpessoal.
C - A disfunção não é mais bem explicada por outro
transtorno do Eixo I, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos de
uma substância ou de uma condição médica geral.
Todas as disfunções descritas acima, ainda podem
ser classificadas em subtipos, de acordo com o início da disfunção, quanto ao
contexto e á fatores etiológicos associados.
Quanto ao início da disfunção:
Tipo
ao Longo da Vida - se a disfunção está presente desde o início do
funcionamento sexual.
Tipo
Adquirido – se a disfunção se desenvolve apenas após um
período de funcionamento normal.
Quanto ao contexto no qual a disfunção ocorre:
Tipo
Generalizado – se a disfunção sexual não está limitada a certos
tipos de estimulação, situações e parceiros.
Tipo
Situacional – se aplica se a disfunção está limitada a certos
tipos de estimulação, situações e parceiros.
Quanto aos Fatores Etiológicos associados com a
disfunção:
Devido
a Fatores Psicológicos – aplicam-se quando fatores psicológicos
supostamente desempenham um papel importante no início, gravidade, exacerbação,
ou manutenção da disfunção sexual, e condições médicas gerais e uso de
substâncias não exercem qualquer papel na etiologia da disfunção sexual.
Devido
a Fatores Combinados - aplicam-se quando fatores psicológicos
supostamente desempenham um papel importante no início, gravidade, exacerbação,
ou manutenção da disfunção sexual, e uma condição médica geral e uso de
substâncias também contribui supostamente, mas não basta para explicar a
disfunção sexual.
Há ainda disfunções sexuais devido a uma condição
médica geral, onde esta é a causa da disfunção, e as induzidas por uso de uma
substância.
TRANSTORNO
SEXUAL DEVIDO A UMA CONDIÇÃO MÉDICA GERAL
A – Disfunção sexual clinicamente significativa que
tem como resultado um acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
B – Existe evidências á partir da história, do
exame físico ou de exames laboratoriais, de que a disfunção é plenamente
explicada pelos efeitos fisiológicos direto de uma condição médica geral.
C – A perturbação não é mais bem explicada por
outro transtorno mental.
TRANSTORNO
SEXUAL INDUZIDO POR SUBSTÂNCIAS
A – Predomina no quadro clínico uma disfunção
clinicamente significativa, que tem como resultado um acentuado sofrimento ou
dificuldade interpessoal.
B - Existe evidências á partir da história, do
exame físico ou de exames laboratoriais, de que a disfunção é plenamente
explicada pelo uso de uma substância, o que se manifesta por (1) ou (2)
(1)
Os sintomas no critério A desenvolveram-se durante
ou dentro de um mês após intoxicação com a substância.
(2)
O uso do medicamento está etiologicamente
relacionado com a perturbação.
C – A perturbação não é mais bem explicada por uma
disfunção sexual não induzida por substâncias.